sábado, 14 de agosto de 2021

"Goor - A Crónica de Feaglar I " de Pedro Ventura | "DIVIDE ET IMPERA"

**Aviso: O texto que se segue pode conter spoilers e uma considerável quantidade de sarcasmo.**

**Aviso 2.0: Tudo o que se segue provém da minha opinião pessoal. Ou seja, não têm qualquer valor para ninguém que não eu.**
 

    Bem... isto não foi bem o que eu estava à espera.
    Primeiramente, antes de começar aqui a choramingar, adquirir este livro foi uma epopeia! À uns anos atrás, após ter lido o Hobbit e o Senhor dos Anéis, não sabia bem por onde continuar as minhas leituras fantásticas. Nestas circunstâncias, embrenhei-me num conjunto de blogs estrangeiros à procura de uma caminho viável a seguir. No meio de tantas opções, ocorreu-me que talvez devesse experimentar também alguns autores nacionais, foi aqui que a minha demanda me levou a três nomes: Filipe Faria, Sandra Carvalho, e Pedro Ventura. De todos o que me chamou mais a atenção foi mesmo o Pedro Ventura, até porque apresentava um leque mais reduzido de livros publicados (apenas três), dando-me assim a oportunidade de começar por uma saga mais pequena, em vez de me atirar aos sete (agora oito) livros das Cronicas de Allaryia, ou aos oito livros da Saga das Pedras Mágicas.
    Foi ai que surgiu a primeira problemática. Dos três livros de Pedro Ventura, os primeiros dois são uma duologia: Goor - A Crónica de Feaglar I e II, publicados em 2006 e 2007, respetivamente, pela Papiro Editora, sendo o outro: O Regresso dos Deuses - Rebelião, publicado em 2011 pela Editorial Presença. Pelo que entendi, neste momento apenas ainda li o "Goor - A Crónica de Feaglar I", a duologia Goor representa a história principal, sendo o livro mais recente uma continuação ou espécie de spin off. Portanto o meu objectivo sempre foi começar pelo primeiro livro de Goor... Contudo, apenas encontrei à venda o livro mais recente, publicado pela Presença. Após alguma pesquisa, fiquei a entender que a Papiro Editora fechou ou foi à falência, sendo que os livros de Goor ficaram "aprisionados" numa Editora que já não existe. Portanto comecei a procurar por outras opções de compra dos livros, cheguei até a enviar um email, supostamente ao autor, a partir de um endereço que encontrei num blog, com a intenção de adquirir os livros diretamente... nunca obtive resposta (acho que deve ter sido à uns dois anos atrás). Entretanto fui procurando online em sites como Custo Justo e OLX. Consegui primeiro adquirir o segundo volume e, apenas agora, à cerca de um mês, é que consegui, finalmente, adquirir o primeiro volume.
    Como primeira impressão, devo admitir que as capas da duologia "Goor" são lindas! Parecem-me extremamente originais e dão um aspecto místico ao livro.
    Agora o texto em si... não é bem o que eu esperava. A linguagem empregue é acessível, qualquer leitor pode ler este livro, contudo a organização do texto faz-me um pouco de impressão. Este livro têm 290 páginas... divididas em apenas três capítulos, sendo que um deles é o "Prelúdio" de apenas 14 páginas. O segundo capítulo, "Gar-Dena" têm 114 páginas e, o terceiro e último capítulo têm 153 páginas. Dentro de cada um destes capítulos o narrador segue várias personagens, em vários locais diferentes, sem nunca demonstrar uma barreira (pausa) na página. Eu que me queixava de os livros do Filipe Faria terem capítulos longos... o Pedro Ventura chega aqui e rebenta com a escala. O que me assusta ainda mais é que, tendo aqui à minha frente o segundo volume de Goor... parece-me que todo o livro é apenas um capítulo de 460 páginas... enfim, isso depois vamos ver. Agora, qual é o problema disto? Para mim, o livro carece muito de pausas, como leitor sinto-me sufocado pela quantidade de texto consecutivo. Não sei bem como expressar este sentimento... olha, vou editar toda esta "rant" para que esteja no mesmo formato que este livro. Olhem para os aspecto de um dos meus outros textos e depois voltem a este. Vão reparar que os pequenos espaçamentos entre alguns parágrafos fazem toda a diferença. Quando mudo de assunto, deixo um espaço, indicando ao leitor (mas ninguém lê isto ;-; ) que o assunto vai mudar, e oferecendo uma curta pausa para reflexão, um cházinho ou um xixi... Pessoalmente eu tento parar as minhas leituras no final de um capítulo, quando tal não é possível, paro numa destas pausas ou mudanças de assunto. Em Goor I, não tinha nenhuma indicação visual de onde poderiam estar estas pausas, tal como este presente texto, é tudo de seguida, o que torna o texto mais confuso. Mas enfim, custou um pouco mais mas lá se leu.
    Ainda antes de passar ao enredo, gostava de referir que qualquer um destes livros carece de um mapa. É um mundo fantástico e novo, cheio de reinos e localidades misteriosas... sem um mapa fico um pouco perdido, consigo imaginar mais ou menos onde se localiza cada reino, talvez... mas um mapa é essencial. Mesmo que seja um mapa todo torto, feito à mão pelo autor (eu também não tenho jeito nenhum para o desenho), qualquer coisa é melhor que nada.
    Passando finalmente para o enredo... não era bem o que eu estava à espera (acho que já disse isto umas três vezes). Passo a transcrever uma frase que se encontra na descrição do livro: " Trata-se de uma fantástica aventura do rei e dos seus companheiros, que os levará aos limites das suas capacidades e aos confins do mundo conhecido, enfrentando inúmeros perigos e a herança de um nebuloso passado que foi propositadamente apagado da memória de todos os povos."  Muito bonito, mas a palavra chave nesta frase é "levará". Todo este primeiro volume é como uma grande introdução, onde se apresentam e se fica a conhecer algumas das personagens que irão na viagem até Goor. O livro literalmente termina quando estão prestes a partir nesta mesma viagem, que é o motivo central da história. Viajámos sim... entre os diversos reinos, mas não como pontos de passagem para o destino final, durante grande parte do livro o destino final nem está definido. Portanto acho que não há muito que eu possa escrever sobre a "fantástica aventura" até aos "confins do mundo conhecido"...  ¯\_(ツ)_/¯
Grande parte do livro foi dedicado ao amor entre Feaglar e Dar-Dena, em pequenas doses até era fofinho, mas chegou a um ponto em que parecia que já estava a enrolar demasiado com o beijinho para aqui, abraço para ali a toda a hora, enquanto assuntos importantes e mais relevantes para o enredo podiam ter sido mais desenvolvidos. Depois, pelo meio, parece que as personagens andaram a fazer "side-quests". Isto dá-me a sensação que, na verdade, Goor deveria originalmente apenas ser um livro. E que, seja a editora ou o autor, o dividiu em dois, deixando o motivo principal no segundo volume e enchendo bem o chouriço do primeiro volume, de forma a que tivesse páginas suficientes para justificar uma publicação separada. Mas enfim, isto é só o que me pareceu.
 O Odraglar é a personagem que mais me interessa, sendo que o conflito entre Thalian e Thuron também é interessante. Feaglar não me está a cativar muito, apesar de ser retratado como um "bom rei", não me parece que seja muito astuto (não parece definitivamente saber jogar o "jogo dos tronos"), comete o mesmo erro duas vezes, em não procurar o corpo de Banstámas. Gar-Dena também não me parece muito natural, sendo uma personagem extremamente forte fisicamente, mas depois têm momentos de extrema fraqueza em que é retratada como uma frágil jarra de vidro. Já Banstámas/Calédra tornou-se interessante apenas no final deste volume. Calíciada é um enigma por desvendar.
    Enfim, é complicado dar uma nota a um livro que é basicamente a introdução para outro. Portanto fica por um 3/5. Tenho esperanças que o segundo volume, que vou começar a ler amanhã, realmente comece no trilho da demanda por Goor.

 

(Não foi um texto muito grande... mas espero que se perceba a problemática da falta de espaçamentos).

 

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