domingo, 9 de janeiro de 2022

"O Terceiro Desejo", de Andrzej Sapkowski | Sem dúvida melhor que a série da Netflix.

 

Fui introduzido ao universo do Wicther, se não me engano, assim pelo ano de 2013-2014, numa conversa com um colega, e agora grande amigo, de curso. Na altura, estavam a sair os primeiros trailers do jogo "The Wicther 3: Wild Hunt", e esse amigo lá me convenceu a experimentar os dois primeiros jogos. Adorei, aguardei ansiosamente pelo terceiro e tornou-se no primeiro jogo, caro, que comprei... na verdade, talvez tenha sido o único, de resto espero sempre por saldos. E que maravilha de jogo! Até hoje ainda não terminei o ultimo DLC, "Blood and Whine", estou perto do fim, mas não me consigo convencer em o ir terminar. Mas também não me dá para desinstalar o jogo. Foi também a primeira e última vez que não terminei um jogo... simplesmente porque não quero que acabe. Que coisa estranha.

Mesmo assim, não estava muito convencido em ir ler os livros, verdade seja dita, não gostava de ler na altura.

Anos depois e, verdade seja dita, devido ao sucesso dos jogos, foi anunciada uma série, produzida pela NETFLIX, que acompanharia a história dos livros. Primeira temporada foi "meh"... desde o primeiro episódio que dava para cheirar o orçamento já a se arrastar pelo chão, e a falta de cuidado em alguns aspectos do enredo. Não fiquei surpreendido, meti os primeiros volumes na, infindável, "lista de desejos" da wook, e fui adiando a leitura até agora. Não comprei nenhum livro... chegaram até mim pela melhor forma possível: uma prenda de Natal, pelo meu priminho (priminho mas já têm 18 anitos.... puxa, como estou velho). Ofereceu-me os três primeiros volumes, a melhor prenda de natal de todas!

Uma rant ramdom sobre prendas e expectativas de familiares:

 Não gosto muito de receber prendas, mas também fico um pouco frustrado quando passo o tempo todo a ler, à frente de toda a gente e depois oferecem-me tudo menos um livrito... material de ginásio, ferramentas, peças para carro... tudo que o eu não aprecio, não preciso, não uso e não gosto... mas epá "são coisas para homem", isso de "livros é para mariquinhas". E pronto é por isso que tenho um mono de um saco de boxe e uma maquina de fazer bruços a me ocuparem parte da cave... não me posso desfazer daquilo pois têm de estar em exposição quando a pessoa que ofereceu vem cá a casa. Nunca usei... nem pretendo usar. Enfim, não tenho razão para estar aqui a fazer queixas, tenho coisas que muitas pessoas davam um rim para ter. Apenas acho triste (se não até um pouco estúpido), que receba estas coisas apenas por ser homem e gordinho... se eu fosse desportista e todo musculado, tenho a certeza que a família me oferecia livros suficientes para encher as estantes da biblioteca... só que nesse caso eu iria querer é material de ginásio... ou seja, o pessoal oferece sempre coisas para que "nós" nos moldemos ao modelo que as pessoas acham que devemos seguir, que normalmente é sempre o oposto daquilo que somos.

 
Mãezinha do céu... já estava descarrilar, lá fica a introdução maior que o desenvolvimento outra vez. 
 
Enfim, assim que terminei o livro que estava a ler, a 31 de Dezembro (2021), e escrevi as três "mini-rants" anteriores, comecei logo a ler o primeiro livro da saga Witcher.
 
  
**Aviso: O texto que se segue pode conter spoilers e uma considerável quantidade de sarcasmo.**
**Aviso 2.0: Tudo o que se segue provém da minha opinião pessoal. Ou seja, não têm qualquer valor para ninguém que não eu.**
 

 
 
 Aqui vai mais uma rant pequenina, pois já perdi algum tempo com a, incontrolável, trapalhice que escrevi ali em cima, e, amanha, recomeço as aulas... portanto tenho de ir preparar e organizar as coisas para não desapontar as minhas criancinhas. 

Em geral gostei bastante da forma como o enredo foi apresentado. Este livro contém várias histórias in media res, introduzindo o leitor às várias personagens, sendo a principal, sempre o nosso "bruxo", Geralt de Rivia. Penso que foi aqui que a primeira temporada da série falhou, apresentaram as várias história em simultâneo, mas retiraram a história "A Voz da Razão", que é o fio condutor do enredo. Sem esta base, onde são cimentadas as restantes histórias, a primeira temporada ficou uma confusão total, para quem nunca leu o primeiro livro.
 
A tradução está bastante boa, se bem que, tipicamente à portuguesa, acho que o título não faz sentido nenhum... O título original, bem com a sua tradução em inglês, e como a tradução da edição brasileira, refletem o enredo da ultima história do livro. Nesta ultima história é mencionado, várias vezes, o "ultimo desejo"... a tradução original é "O ultimo desejo", os ingleses, conseguiram, os brasileiros também, até os hermanos espanhóis... Aqui, no nosso Portugal, por alguma carga de água, decidiram chamar ao livro "O terceiro desejo". . . Tipo (linda expressão, tinha uma colega na escola que estava sempre a dizer "tipo"), nem é assim muito mau, faz sentido... mas porquê? Só para ser diferente? Enfim... não sei.

O mundo é fantástico, cheio de criaturas e mistérios. Contudo, sente-se uma enorme humanidade no discurso. Tudo o que está descrito podia acontecer, e muitas vezes acontece, no nosso quotidiano. 

Mas, o grande destaque são, sem dúvida, as personagens! Geralt, Yen, e até mesmo o Jakier (que na série é simplesmente irritante e um empecilho), é interessante e essencial para a história.

Acho que seria complicado não ser, mas a minha história preferida (tirando a "Voz da razão", que dirige a narrativa), não poderia deixar de ser "O terceiro desejo", onde Yen é finalmente introduzida, mudando a dinâmica do "lobo solitário", ou da dupla Geralt + Jaskier. 

Um outro aspecto que me surpreendeu, até porque já estava à espera devido à série, foi a questão da sexualidade. Pelo menos neste primeiro livro, não houve nada extremamente explicito. Acho que exageraram na série, era mamas por todo o lado... lá está, "barato", a tentar agradar simplesmente ao mais básico, enquanto que tudo o resto cai por terra. Sapkowski insere várias cena sexuais, mas são descritas de forma simples e ligeira. Nada extremamente elaborada ou ofensivo. 

Enfim, vou ficar por aqui, tenho de ir fazer sumários para amanhã. Resumidamente, acho que mais vale ler o livro do que ver a primeira temporada da série.

Não vou, contudo, ler já de seguida o volume seguinte. Talvez por vergonha, pois acabo sempre por ler na escola, entre os furos das aulas. Por que será que tenho a sensação de que os meus colegas me iriam julgar por estar a ler fantasia? Não sei, provavelmente ninguém realmente queria saber... mas sinto-me constrangido. Que coisa estranha.
5/5