domingo, 31 de janeiro de 2021

"Crónicas de Allaryia: O Fado da Sombra", de Filipe Faria. | E voltamos aos mesmo.

    Ora bem... até parece que li este livro num instante. Porque será? Pois, "interrupção letiva" devido à pandemia. Por esta altura Portugal é o pior país do mundo em mortes e infeções per capita, já à uma semana. Tristeza, mas enfim, sem aulas para dar e fechado no quarto o dia todo, devido às brasileiras que estão a viver em minha casa desde Novembro, por caridade da minha mãe (e graças ao meu ordenado), acabei por ler este livro numa semana. Infelizmente não o "devorei", esforcei-me para o engolir rapidamente.



**Aviso: O texto que se segue pode conter spoilers e uma considerável quantidade de sarcasmo.**

**Aviso 2.0: Tudo o que se segue provém da minha opinião pessoal. Ou seja, não têm qualquer valor para ninguém que não eu.** 


Primeiramente, apesar de ser um livro que representa um ponto de viragem na história, fiquei com a impressão de que muito pouco tempo se passou. Todo o enredo deste livro parece ter acontecido no espaço de uma semana, talvez menos. Acho que havia muito por onde explorar, contudo a história parece ser puxada violentamente para a frente. É um livro de 500 páginas, contudo sinto que muito pouco se passou. Talvez seja impressão minha, mas acho que estava à espera de algo mais cativante ou esclarecedor de um penúltimo livro de uma saga. Basicamente, Quenestil vai lá para a tal ilha para libertar as vagas de fogo, luta luta luta, consegue, volta para o Fiorde e une a cangalhada toda. Aewyre, com os restantes do grupo principal, tenta resolver a situação dramática que ficou suspensa desde o livro anterior, enquanto lida com mais uma carrada de problemas que convenientemente lhe caiem em cima e acaba por fazer porcaria no final.... nada mais de importante a relatar.

Seltor continua a ser a personagem mais interessante, provavelmente devido a ser a única personagem da qual não são reveladas as intenções. Uma das minhas motivações em passar para o último livro da saga é, finalmente, descobrir qual o plano de Seltor. Nenhuma das outras personagens me está a agarrar.

Quenestil e Slayra continuam uns adolescentes mimados, a fazerem birrinhas e a estragarem todo o enredo interessante que os envolve. Preferia mil vezes ler as interações entre os diferentes garding (?) do que ler sobre a Slayra a tomar banho... Todo o tempo na tal Ilha podia bem ser reduzido a dois capítulos bem estruturados, se se reduzir cada cena de luta a um ou dois pequenos parágrafos, o livro perdia logo umas 150 páginas. No final o Quenestil lá consegue o power-up que provavelmente vai usar para lutar com Seltor no volume final (pelo menos é o que me cheira).

Enfim, luta, luta, luta, luta, já não posso mais com as lutas. Eu olho para o último volume (que é maior que este) e a primeira coisa que me vem à mente é: «quantas daquelas páginas é que são simplesmente de luta?». É que as batalhas até são boas... neste livro (capítulo X) temos uma grande batalha, adorei as táticas aplicadas e a trama envolvem-te! Por meio de uma batalha o autor conseguiu dar uma pequena janela para as intrigas e politicas de dois reinos que não são muito explorados no resto da história. Agora nas lutas... nada... simplesmente não se avança nada. Não defendo um corte tão extremo, mas todas as lutas podiam ser reduzidas a poucas frases. No entanto ocupam dezenas de páginas! É que, no fim de cada luta, ao ler os parágrafos seguintes, o leitor fica a saber quem ganhou, quem e onde ficou ferido e quais as consequências... ou seja toda a lutar é encher chouriço com ar e vento!

Há certas inconsistências que não compreendo, tal como o Othragon ter interrogado umas "pessoas" e ficar a saber precisamente o que aconteceu no palácio... contudo, as pessoas que sabem o que aconteceu, estão presas dentro do próprio palácio... portanto Othragon não tem como as ter interrogado...? 

Também não suporto o dramatismo excessivo, por vezes isto parece-me mais um guião de um filme do que um livro. Os clichês também excedem a minha paciência, como quando Seltor está prestes a matar Aewyre, contudo passar uma página a engonhar para dar tempo para que algo aconteça. Ou o inverso, quando Seltor estar vulnerável a sair do tal vórtice e Aewyre fica ali especado a olhar para ele, até lhe dá tempo de ajeitar o cabelo...

Enfim, também há coisas boas, gostei da história do Aereth. Contudo espero que ele não volte a aparecer, já conclui o seu ciclo, já teve o seu desfecho, e até já fez um pouco de deus ex machina. Portanto agora que fique por ai... senão ainda estragam o final da história da personagem. O mesmo para o Allumno e para a Culpa (pai de Seltor).


Desta vez garanto que tenho de fazer uma pausa e regressar a Allaryia mais "fresco". Talvez esteja a ficar saturado por ter lido três livros seguidos na mesma saga (contudo tal não aconteceu com outras sagas...). Não me vou alongar mais desta vez. Depois, quando ler o último livro (da saga, eu sei que agora há uma nova saga, "A oitava era", já tenho ali), faço uma review do livro e da saga toda em geral.

Por agora, voltamos a um 3/5.






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