Vou fazer este no meu atarracado português, não
me está a apetecer escrever em inglês hoje.
Bem, acho que devo começar com um disclaimer
(pronto, lá se foi o português). Comecei a ler este livro em Maio de 2019, e
terminei agora, em Fevereiro de 2020... quase um ano depois. Pelo meio li a Lua
de Joana e todos os livros da Song of Ice and Fire. Tal evidência três
coisas, primeiramente algo se passou na primeira metade do livro para eu o pôr
de lado e iniciar outros (nunca leio dois livros, para prazer pessoal, em
simultâneo); segundo, a minha memória da primeira metade do livro não é grande
coisa, portanto vou incidir este texto e os respectivos exemplos necessários
sobre a segunda parte do mesmo; por último, não foi uma experiência muito
agradável saltar do George R. R. Martin de volta para o nosso Filipe Faria,
portanto muitas das minhas críticas vão ter por base a minha familiaridade com
o estilo de escrita do Martin (algo que é bastante injusto para com o Filipe
Faria, mas que não consigo evitar).
**AVISO, este texto é a minha opinião pessoal,
representando os pontos que mais me afectam na obra em questão. O texto contêm
SPOILERS e uma boa dose de ironia e sarcasmo.**
Tal como acima referi, algo de errado se passou
com a primeira parte do livro, não vou entrar em pormenores (pois não me lembro
dos mesmos e na altura não tinha o hábito de fazer apontamentos enquanto lia),
mas para eu pôr o livro de lado e começar a ler outros é porque o enredo não
estava a ser "cativante". Tenho a sensação que esta primeira parte
podia ser reduzida a pelo menos metade do seu volume, convergindo alguns pontos
do enredo e eliminando outros. Porque há capítulos em que não há progresso
algum para o objectivo das personagens e não há nenhum desenvolvimento
relevante das próprias (personagens). Ou pelo menos foi isto o que senti, e que
me fez pôr o livro de parte.
Passando então à segunda parte (se bem que muitos
dos pontos que vou tocar aplicam-se também à primeira), começando pelo estilo
de escrita.
Eu compreendo o que o autor tentou fazer, mas
para mim não funcionou. Acabado de sair de Westeros, estou habituado a que cada
capítulo seja da perspectiva de apenas uma personagem, onde o narrador descreve
a cena da perspectiva da personagem, e com acesso aos pensamentos da dita
personagem. Também já li o The Hobbit e a trilogia The Lord of
the Rings, onde o narrador conta a história numa perspectiva geral, tendo
conhecimento suficiente para descrever as personagens, bem como o que as
rodeia, mas não para relevar ao leitor os pensamentos de todas. O narrador de
Filipe Faria é nos apresentado como "Pearnon, o Escriba", alguém que
nos está a narrar a história e que têm acesso a tudo, aparentemente. Neste caso
o narrador é como uma personagem que não participa na história e que apenas
observa e relata... contudo a forma como o texto é construído é algo confusa. O
narrador salta de uma narração geral para uma narração da perspectiva da
personagem X, depois para a da Y, e por ai, por vezes mostrando ao leitor os
pensamentos de uma personagem, outras vezes os pensamentos de várias
personagens, por vezes de nenhumas, outras vezes da perspectiva de personagens
figurantes, tudo ao mesmo tempo dentro de um mesmo capítulo! É um narrador
muito inconsistente em termos de sistema de narração... e ainda por cima, por
vezes, o narrador engana o leitor (o que faria sentido, se este não fosse
omnisciente). A forma como Filipe Faria escreveu certas partes da narrativa
fazem com que o narrador perca credibilidade, dando mais importância à
tentativa de surpreender o leitor. Vamos a um exemplo:
A certo ponto Worick está a lutar com um drahreg
e o narrador diz: «O drahreg debateu-se e procurou algo na cintura com a
mão, crispando os dedos no cabo de um farpão e cravando-o na garganta de Worick
antes que este sequer se apercebesse do que acontecera.»
Ora bem, como narrador é Omnisciente, o leitor
toma esta afirmação como verdadeira. Contudo, mais à frente no capítulo (quando
o autor decide mudar novamente para a perspectiva de Worick), temos o seguinte:
«Worick grunhiu, levando a mão à ponta do farpão, que não o golpeara com
força suficiente para quebrar os elos da cota de malha sobre o gorjal de couro
que lhe protegiam o pescoço.»
Cá está o problema da perspectiva. Em ambos os
casos o narrador parece estar a descrever os acontecimentos seguindo Worick...
mas, aparentemente, no primeiro exemplo, a narrativa passa (durante uma curta
parte) para a perspectiva de um dos milhares de drahregs que estão na batalha,
o que faz com que o narrador deixe de ser omnisciente durante um parágrafo.
Ou seja, esta incoerência confunde-me a leitura,
e (na minha opinião), estraga o desenrolar da acção. Acho muito mais
interessante quando uma história é narrada de uma forma coerente, sem estar
sempre a saltar de perspectivas. Enfim.. passando para às próximas questões,
ainda relativamente à escrita.
Não há dúvida que o autor têm um vasto
vocabulário, têm uma grande habilidade com a língua portuguesa, tão grande que
eu tenho de ir consultar dicionários online quase uma vez por página. Acho que
o texto poderia ser mais acessível ao leitor comum, mas isso pode ser apenas
indício do meu pouco à vontade com a nossa língua.
Para mim, o grande problema do estilo de escrita
de Filipe Faria são as descrições. Os detalhes sobre a paisagem, edifícios,
roupas, personagens, entre outros, são extremamente longos, mas eu compreendo...
um autor cria algo, e quer partilhar com o leitor a sua criação. Portanto, isso
eu até perdoo. Agora, não consigo mais suportar as descrições de lutas... são
extremamente detalhadas, com todos os movimentos descritos ao pormenor...
simplesmente não é algo para mim. Talvez alguém goste de ler tal coisa. Durante
os primeiros dois livros das Crónicas de Allaryia li todas as palavras que o
autor escreveu, por uma questão de respeito e admiração (pois mesmo com todas
estas criticas admiro bastante o autor, por ter conseguido escrever e publicar
os seus livros, algo que tenho esperanças de um dia também conseguir), mas
nesta segunda parte do terceiro livro, "Marés Negras", confesso que
não consegui. Por fim, dei por mim simplesmente a "dar uma vista de
olhos" sob as partes de descrição de luta (que podem ser um parágrafo, mas
normalmente ocupam uma ou mais páginas), e sinto que não perdi nada. Toda a
descrição das lutas não acrescenta nada à história, não há desenvolvimento
nenhum das personagens, o enredo não avança. As descrições de lutas parecem
literalmente feitas para um guião de um filme ou peça de teatro, com as
indicações necessárias e detalhadas para permitir aos actores representarem uma
cena de acção.
Para além disto, as descrições de lutas, fazem
(na minha opinião) o contrário do que uma cena de luta num livro devem fazer.
Tenham-se por exemplo os últimos capítulos do livro, quando o grupo de
personagens principais está dentro de uma fortificação cercada por inimigos
(mais pormenores sobre isto adiante...). Achei estes capítulos muito
interessantes e o autor conseguiu representar uma situação de cerco
relativamente bem, houve momentos onde fiquei envolvido na acção, com flechas a
voar, as personagens a gritar ordens, os inimigos a aproximarem-se, com um
grande ambiente de tensão, tal como deve ser uma boa batalha! Mas depois,
quando o desgraçado de um inimigo se aproxima de uma personagem importante...
pronto, acabou tudo e temos duas páginas de descrição detalhada de cada
movimento que as personagens fazem... as cenas de luta completamente estragaram
a dinâmica da batalha. É como ver um filme qualquer, e quando chega a cena
de acção, esta é completamente passada em câmera extremamente lenta, demorando
cerca de cinco minutos, quando deveria demorar dez segundos se estivesse a uma
velocidade normal. É frustrante, principalmente considerando que quase todos os
capítulos têm cenas de luta. Na verdade, acho que os melhores capítulos são
aqueles em que não há luta nenhuma. Nesses sente-se o enredo a avançar, os
personagens a crescer... enfim, é melhor ficar por aqui e passar à frente.
Deixando o "estilo de escrita" e
passando para questões do enredo em si. Em geral gostei mais da direcção que
este livro seguiu, em comparação aos dois anteriores. Contudo, não lhe faltam
problemas, alguns dos quais já se arrastam desde o primeiro livro.
Começando pelo fim, já que falei no cerco, e
estando ligado ao problema das lutas... o típico e (perdoem-me) estúpido cliché
de, quando duas personagens estão em lados opostos, no meio de uma batalha,
ambos armados e com o intuito de se matarem um ao outro, parecer que na verdade
não se querem matar. Isto é piorado pelo facto de a luta ser descrita até à
exaustão. Exemplo, temos Quenestil numa muralha a lutar (de momento a disparar
flechas) contra os drahregs (imagine-se tipo orcs, para quem não leu o livro -
não é bem, mas é suficiente para perceber a situação), juntamente com uns conscritos
(mais sobre estes coitados mais adiante). De repente aparece na muralha Tannath
(diga-mos, um inimigo de Quenestil), que está armado com um estilete e um
quebra-espadas. Tannath, ao ver Quenestil com o seu arco, desafia-o a largar o
arco e a lutar com ele corpo a corpo, dizendo que o vai matar e depois matar a
Slayra (mulher grávida de Quenestil), etc etc... Felizmente, Quenestil não é
burro, e larga imediatamente uma flecha contra o seu inimigo, fazendo-o cair e
largar as suas armas. Fantástico, até aqui mais ou menos tudo bem, agora com o
seu inimigo caído e desarmado, Quenestil apenas precisa mata-lo de vez!
Veja-mos algumas das opções ao seu dispor:
1- Largar mais uma flecha contra o Tannath;
2- Abaixar-se e apanhar alguma arma do chão
(deviam haver muitas devido aos inimigos caídos), e proceder para matar
Tannath;
3- Pegar em uma das suas flechas e usa-la como
arma directa para matar Tannath;
4- Avançar rapidamente para tentar apanhar uma
(ou as duas) armas que Tannath deixou cair quando foi atingido pela sua flecha;
5- Avisar algum dos seus conscritos para
simplemente matar aquele inimigo desarmado e caído.
6- Arriscar e avançar contra Tannath com o seu
arco, usuando-o como arma directa (não muito eficiente, mas uma ponta de um
arco no olho faz milagres);
7- Entre outras opções com váriadas
possibilidades de sucesso.
Pois bem... o que o autor decidiu que Quenestil
devia fazer? Quenestil, larga o seu arco, corre na direcção de Tannath e
começa a esmurra-lo! E lá vamos nós para mais uma cena de luta... os dois
personagens ficam ali, no meio do caos de batalha, aos murros um ao outro! O
autor também não faz com que Tannath tenha a inteligência de tentar
imediatamente apanhar alguma arma, limitando-se a pôr a personagem também aos
murros e pontapés, enquanto vomita um típico discurso de vilão. Entretanto o
Tannath lá pega no seu estilite, que estava ali no chão o tempo todo e tenta
matar Quenestil com ele... o engraçado é que durante isto tudo, Tannath diz que
vai matar Quenestil rapidamente, mas ameaça que a morte de Slayra iria ser
extremamente lenta (para além de a violar e assim)! Graças aos deuses,
Quennestil consegue matar Tannath espetando o estilete deste no coração, caso
contrário (e como a morte "rápida" de Quenestil, já ia em algumas páginas
de descrição) Tannath iria matar e violar Slaya "lentamente"... o que
com certeza significaria um livro inteiro para descrever estes acontecimentos
de forma "lenta"...
Enfim, Quenestil lá vence o confronto, depois de
ter dado e levado bastante pancada e procede a se abaixar e pegar num machado
(de algum drahreg derrotado) para ir ajudar os seus a continuar a luta...
. . .
. . . . . . . . . .
AI MINHA NOSSA SENHORA!!! Então primeiro vai ao
murro, e agora que o seu inimigo está derrotado é que apanha uma arma? Eu
admito que quando li isto dei um valente facepalm...
As personagens não têm culpa... a culpa é do
autor. E já agora do revisor... estes livros têm revisor imagino... penso eu...
digo eu... sei lá. Caramba, é que coisas como estas são apenas detalhes, mas
são ridículos, parecendo que não, para um leitor atento, estragam todo o
processo de imersão na história.
Enfim... mais uma vez, é melhor passar á frente.
Vamos fazer uma pausa na batalha e falar de
Lhiannah... mais uma vez, eu percebo o que o autor pretende com a personagem.
Mas a execução, na minha opinião, deixa muito a desejar. Nada melhor que um
exemplo.
Lhiannah viaja
com o grupo desde o primeiro livro, ela têm a sua própria espada e armadura. Na
primeira parte do livro ela foi atacada, e já não me recordo se a sua armadura
ficou completamente inutilizável ou não. Mas é irrelevante. Na segunda parte do
livro, Lhiannah encontra-se primeiramente ainda em recuperação, aquando do
grupo fazer a viagem de barco... pelo que me lembro, ela não vai nua, portanto
está vestida e até têm uma capa com capuz para lhe tapar as cicatrizes. Quando
chegam à fortaleza dos sirulianos, Aemer-Anoth, ela também não está nua. Aquando
do momento de distribuírem armas e armamento está escrito: «Quando chegou a vez dos companheiros, o seu
equipamento foi-lhes restituído: o arco ocarr e o facalhão de Quenestil, o
martelo de Worick, a afilada espada e a
couraça de Lhiannah, os punhais e adagas de Taislin (...)».
Depois, o grupo é convidado para uma festa e arranja-se como pode, com as
roupas que têm. Antes da festa é lhes oferecido um banho, após o banho são lhes
oferecidas roupas pelos Eahlan (tipo elfos de cabelo branco), estas roupas são
típicas da cultura deles (se bem inicialmente o narrador diz que estas roupas
eram devidas à temperatura da sala - e depois passam a usar estas roupas
durante toda a festa), e as roupas femininas eram «constituídas por uma saia branca e duas faixas de tecido atadas ao
pescoço que se cruzavam sobre o peito e que expunham o seu ventre liso.»
Depois da festa o
grupo prepara-se para a vindoura batalha e todos estão relativamente presentes
menos Lhiannah, quando esta aparece ainda anda com as roupas da festa e
sandálias... no meio de uma fortificação prestes a ser assaltada... Depois,
ajuda a personagem principal (Aewyre) a por a sua armadura, e este fica a olhar
para todo o corpo dela que se encontra exposto. Lhiannah reprende-o e diz que «E tem cuidado para os olhos não te caírem
das órbitas. Já me bastou a volta que tive de dar pelas muralhas, rodeada de
marmanjos.» . . . e por fim acaba por pedir a Aewyre para lhe emprestar uma
camisa dele, para não andar tão exposta...
Não era suposto Lhiannah
participar directamente na batalha (porque Aewyre lhe fez olhinhos de
ursinho... ohhhh que fofos - grande guerreira que esta saiu tambem... todos
eles aliás, deixam muito a desejar, sejam pela sua perícia ou pelas decisões
que tomam... mas isso é outro assunto, não vale a pena elaborar). Portanto
Lhiannah é suposta ficar a ajudar na enfermaria... ok, mas é uma batalha, se as
coisas correrem mal o inimigo pode chegar à enfermaria...
No final
Lhiannah acaba por participar um pouco na batalha, sendo ela a liderar um grupo
para abrir o portão a reforços silurianos (outro problema para mais adiante)...
durante e depois da batalha o leitor vem a perceber, pela constante descrição,
que Lhiannah combateu de sandálias e com a roupa que lhe foi dada para a festa,
com a tal camisa de Aewyre por cima... Mas afinal o grande mistério da história
é o que raio aconteceu a toda a roupa desta mulher! Onde está a roupa dela que
os Eahlan levaram? Os elementos masculinos andaram com a sua roupa normal
depois da festa! A Slayra também não andou na enfermaria a mostrar as mamas e a
barriga de grávida aos feridos... ela voltou à sua roupa! O que aconteceu à
roupa de Lhiannah? E pior? Quem foi a criatura maldita que lhe roubou a couraça
e a fez combater como se fosse para a praia? Um verdadeiro mistério...
É obvio que o
autor mete sempre a Lhiannah nestas situações, sem nexo nenhum (como daquela vez,
em que ela decidiu simplesmente não usar calças), como uma forma de sexualizar
a personagem excessivamente. É que não há necessidade de ter a personagem
nestes contextos e a fazer figuras tristes, e depois a evidenciar ainda mais a
situação pondo a personagem a reclamar de que todos olham para ela... ela devia
era reclamar de como é que ninguém a matou durante toda esta batatada... é que
todos os outros que foram de armaduras estão todos partidos... ela foi de
bikini e depois apenas reclama que está suja... Haja paciência.
Mudando de
assunto... os desgraçados dos conscritos, mal tratados por tudo e todos, os
verdadeiros heróis deste livro, e nenhum deles é uma personagem... são todos
figurantes. Em vez de se perder tanto tempo em descrições de lutas, seria mais interessante
o leitor ficar a conhecer melhor alguns dos conscritos, condenados a lutar pela
sua liberdade. O nome de alguns, de onde vieram, o que fizeram para serem
condenados, e as suas ambições caso sobrevivam à batalha. Era muito mais
impactante o leitor ser confrontado com a morte de um personagem secundário com
o qual é possível ter empatia, do que ter uma cena de luta onde uma personagem
principal apenas mata uma série de inimigos figurantes.
Os conscritos
morrem às carradas, e nunca me importei com nenhum deles, não são ninguém, não
tinham personalidade. Na verdade, também não me preocupei nunca com nenhuma das
personagens principais, como esperado não morreu ninguém... quer dizer, morreu,
mas já lá vamos.
Isto leva ao típico
problema do deus ex machina, que
também já se arrasta desde o primeiro livro. Tenho a sensação de que este grupo
nunca consegue verdadeiramente derrotar, ou ultrapassar, alguma oposição sem a intervenção
de alguma força alheia.
Desde o início
de toda a questão do cerco, era óbvio que os silurianos iam acabar por se
juntar à batalha no final, até mesmo os Eahlan ajudam no fim, destruindo todo o
propósito de ambos não ajudarem desde o começo... mas pronto.
Depois, quando
Seltor lá regressa após vinte anos, etc etc, lá vem mais um deus ex machina para resolver a
situação. A forma como acontece até é bastante interessante, Seltor (o mau mau
da história) esteve todo estes anos preso dentro de Ancalah (a espada que Aewyre
trás consigo), e o pai de Aewyre (que foi a razão pela qual esta demanda se
iniciou), esteve preso dentro da espada de Seltor durante os mesmos 20 anos.
Mas então, com o surgimento de um inimigo poderoso (que o grupo não consegue
derrotar), lá se arranja maneira de fazer surgir o seu némesis, igualmente
poderoso. Basicamente os dois anulam-se.
Mas a história
precisa de continuar, temos mais livros pela frente, precisamos que o vilão
continue a ser uma ameaça, mas não podemos ter alguém poderoso o suficiente
para o derrotar... assim não há a tensão de "o protagonista ter de derrotar
um inimigo muito mais poderoso que ele". Portanto o autor recorre ao mesmo
"método" que eu já referi aquando do primeiro livro desta colecção. Resumidamente,
protagonista salta para o meio da luta entre Seltor e o seu Pai, a gritar pelo
papa.... e Seltor, não querendo dececionar o leitor, obviamente muda a sua trajetória
de ataque para o miúdo idiota que saltou ali para o meio e lhe deu a vantagem
de bandeja.
No final Seltor
acaba por "fugir" ferido (tinha de ser, senão como é que o grupo saia
dali?), e o pai de Aewyre morre para salvar o filho. Grande choradeira, e tristeza
etc, etc. A personagem apenas foi trazida de volta para salvar a situação e
resolver um problema de enredo, tal como a "namorada" do protagonista
quando esta salta para o meio de uma luta (literalmente suicidando-se), no
primeiro livro, porque com ela viva a história não continua.
Tá quase, só
mais um assunto, nesta batalha não morreu ninguém relevante da parte do
"bem", só figurantes (pobre coitados dos conscritos) e uma personagem
(pai do protagonista) cuja função era ser deus
ex machina durante cinco minutos. Mas, do lado do "mal", ai sim
houve baixas, para além de milhares de figurantes, morreu a Jessie, o James e o
Meowth, pobres coitados andaram três livros atrás do Pikachu, e sempre a
falhar, pelo menos agora podem descansar em paz... ESPERO EU... fica aqui
prometido, se o autor trouxer de volta à vida alguma destas personagens, eu
juro que retiro um ponto à classificação do próximo livro, independentemente da
classificação que lhe der... , se der 4/5, fica 3/5, se der um 3/5, fica 2/5 e
por ai em diante!
A Hazabel ficou
toda espezinhada e queimada. O Baodegoth foi-se com o Seltor. E o Tannath foi
espetado com um estilete no coração. Depois da batalha tenho a certeza de que,
se algum inimigo caído ainda respira-se os conscritos e silurianos tratavam de
lhes por fim à vida... sabemos que o corpo do Tannath foi mandado ao rio... Se
algum deles aparece vivo em qualquer que seja dos próximos livros... ai bem me
podem "ouvir"...
Ai não! Afinal
falta mais um pormenor, tinha este apontado num papel à parte. Mesmo sendo
fantasia com magia e assim não posso deixar de referir isto. Dei um ponto
positivo quando me apercebi de que ninguém usou "flechas incendiárias"
durante os confrontos. Bom trabalho, ao menos um livro de fantasia que não
inventa algo que não funciona.
E depois, o
narrador diz que os sitiantes cobriram a sua torre de assalto com peles
molhadas para evitar que lhe pegassem fogo... procedendo a dizer «(...) e sua fronte estava coberta de peles
húmidas; uma precaução desnecessária, pois os defensores não dispunham de
flechas incendiárias ou de qualquer outro material inflamável para usar em
projécteis.» e assim retirei o tal ponto, e imaginei:
O Allumno para o
narrador, depois de ter posto umas escadas a arder com a Palavra apenas um
capítulo atrás:
O Worrick para o
narrador, depois de ter planeado usar a gordura dos mortos contra os sitiantes
apenas um capítulo atrás:
Raio do narrador
é inconsistente como tudo... enfim... chegou por hoje.
Anyway... 3/5,
novamente. Não é mau, também não se pode dizer que é excelente, e não é para
todos. Mas enfim... ei de passar para o próximo (que já se encontra na estante)
dentro de uns meses.
Já que ainda
estou a escrever, aproveito para registar que prefiro as capas originais.
Percebo que muraram as capas para tentar acompanhar as "tendências"
de capas de outros livros de fantasia (*coff coff* A Song of Ice and Fire), mas
as capas originais pelo menos eram arte, tinham valor pois alguém desenhou-as.
As novas capas são simplesmente imagens editadas e postas ali... mas isto não
têm nada haver com o autor, provavelmente é teimosia da editora.
(Eu quando comecei isto pensei: "epá este
vai ser curto, pois basicamente apenas tenho exemplos da segunda parte do
livro... mas parece que a minha capacidade de fazer uma "rant"
não está nada enferrojada.) xD
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