terça-feira, 3 de setembro de 2019

A Lua de Joana, por Maria Teresa Maia Gonzalez. | Em Português, simplesmente porque sim.

Muito tempo sem escrever aqui, culpa da tese. Este vai em Português, porque sim. 


Tenho uma memória deste livro. Não de o ler, mas sim de ouvir falar dele. Já não me lembro em que ano tal se passou, provavelmente no final dos anos 90, ou nos princípios do novo milénio (já nem se considera este milénio como "novo"... e ainda só se passaram 19 anos, faltam pelo menos uns 481 anos para se poder dizer que já não é jovem.) Houve uma altura onde só se falava deste livro neste país. Pelo menos na escola lembro-me de nos referirem este livro, nas aulas de Formação Cívica, todos anos. Calculo que também tenha sido destacado na televisão e jornais. Enfim, já me estou a esticar e ainda nem cheguei ao livro. Com ajuda de tudo o que se falava na altura, sei que a minha mãe acabou por comprar o livro e por na minha estante de livros, tenho também a memória de colegas minhas terem falado sobre o livro na altura, mas como eu sempre fui do contra (especialmente quando se tratava das "modas da época") nunca peguei nele.
Ontem à tarde estava a olhar para a velha estante de livros, à procura de alguma desculpa para não trabalhar na tese, e lá os meus olhos me levaram ao dito cujo. Comecei a ler, leitura fácil e simples, poucas páginas... acabei por ler por completo em pouco tempo.
Não sou o público alvo deste livro. Já fui. Portanto, não consegui ler sem me desligar da minha mentalidade um pouco mais adulta (penso eu, sei lá).

Spoilers daqui para a frente.

A Lua de Joana é uma tragédia, uma dupla tragédia até. O livro consiste em cartas que a personagem "Joana" escreve à sua melhor amiga "Marta", que morreu recentemente. As cartas são uma forma de desabafo e confidência por parte da Joana, visto não ter ninguém com quem falar após a dita tragédia. Acompanhamos a vida da Joana durante cerca de dois anos, entre os seus 14 e 15 anos (entre o seu 9º e 10º ano de escolaridade). O leitor é testemunha de uma gradual espiral descendente da mente da personagem, tentando lidar com os problemas da escola, adolescência, família e amigos. A junção de todas estas situações levam a que Joana acabe por cair de forma semelhante que Maria (ena... queria dizer Marta, mas com isto reparei que não recordo de nenhuma Maria no enredo, deve passar-se num Portugal alternativo com certeza, devia de haver pelo menos umas três para ser realista. Menos uma estrela.) [Ps: Ups. Ok, reparei agora que o nome da autora é Maria. Está perdoada. Vou voltar a pôr a estrela no sítio.]
O tema principal do livro revolve em volta das drogas e do que acontece quando alguém morre. Maior parte das pessoas parece focar-se nas drogas, mas julgo que a temática dominante é a forma como lidar com a morte inesperada de alguém próximo. Penso até que este é um livro que seria mais bem empregue para os pais, do que se os adolescentes (especialmente no contexto de 2019). Já não é propriamente necessário um livro para ensinar aos miúdos que consumir drogas é mau... toda a gente já sabe isso, é quase conhecimento geral actualmente. Os miúdos sabem que drogas, álcool e tabaco (é tudo drogas basicamente), são de evitar. Quando não os evitam é porque algo não está bem. Por isso, talvez este livro agora devia ser mais uma ferramenta para pais e professores, do que para os alunos. Não faço ideia se ainda falam deste livro nas escolas.

Como disse antes este livro é uma dupla tragédia.
Por um lado a Marta e a Joana que morreram devido a uma acumulação de problemas (não foi só as drogas), outros personagens como o Diogo e a Rita meteram-se em drogas e problemas relacionados (mas não morreram... ainda), e a avó Ju... (essa doeu forte no coração. R.I.P. ;-; ).

Por outro lado quando a mãe da Marta oferece à Joana a colecção de caleidoscópios, e obrigou-me a ir ao google ver que tipo de pokémons são esses, que nunca ouvi falar... fez-me perder uma parte da minha dignidade. Quando a Joana vai a um clube de vídeo buscar um filme para ver (acho que era com o Diogo), fez-me vir as lágrimas aos olhos (R.I.P. clubes de vídeo). Na carta onde a pobre Joana está tão desesperada que quer fugir para Plutão (pobre Joana, talvez mais vale morrer do que fugir para o planeta mais longínquo do Sistema Solar, só para depois receber uma cartinha da NASA a informar que foi despromovido de Planeta para "Planeta-anão"... se bem que agora querem, restitui-lo a Planeta outra vez. Deixem o coitado em paz!). A Joana vendeu o seu walkman para comprar drogas... caramba, o que eu hoje não dava para ter um, para por numa ‘vitrine’.  Concertos do Michael Jackson ("big oof" from 2019). O Diogo pede 50 contos à Joana, para comprar drogas é claro, mas o que doeu foi voltar a abrir o google para ver o que vale "50 contos" hoje em dia (por volta de 250 euros, com as inflações e etc etc... puxa a miúda de 15 anos andava a dar 250 euros ao namorado quantas vezes por mês? De onde desengatava tanta massa? Nota-se que a família têm dinheiro mas possas...). A Joana a jogar xadrez no computador... e ainda dizem que video jogos são maus para a "canalha"... se tivesse tudo a jogar Minecraft não havia tragédias nenhumas com as drogas (a tragédia era cair na lava logo depois de encontrar diamantes... um momento de silêncio para todos os que já passaram por este momento traumático).

Enfim, o livro foi bastante interessante e gostei da estratégia da autora em abordar as temáticas. Diverti-me ainda mais a escrever esta review, não sei porquê.

Joana é um bom nome... o que aconteceria se alguém roubasse ("pegásse emprestado" vá...) a Joana e a inserisse no meio se uma situação caótica... talvez de guerra? Oh oh... vamos ver.

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